quarta-feira, 8 de junho de 2011

“Busking for change and changing everything”: Silverchair anuncia hiato





Por Luciana Aguiar

Em mais uma demonstração de extremo respeito aos fãs, a banda australiana Silverchair revelou há algumas semanas, em carta aberta, os motivos que os levaram a decretar uma “hibernação” sem prazo para terminar os trabalhos conjuntos do trio. Após quase 20 anos de carreira lado a lado, Daniel Johns, Ben Gillies e Chris Joannou parecem encontrar mais inspiração nos projetos paralelos que iniciaram há alguns anos.

Lamentavelmente as tentativas de incorporar estas novas referências nos trabalhos apresentados pelo Silverchair não agradaram comercialmente, apesar de a banda ter ganhado diversos prêmios ARIA Awards. Vale lembrar que o último álbum comercial da banda, Young Modern, de 2007, nem ao menos foi lançado aqui no Brasil.

Ao reinventar-se o Silverchair deixa um belíssimo legado de reflexão, criatividade, atitude e sonoridade em canções que em alguns momentos parecem ser um espelho da própria alma de quem escuta (aliás, sou suspeitíssima para falar sobre este assunto, rs). O album Diorama, de 2001, por exemplo, não somente representou uma ruptura abrupta em tudo que a banda havia produzido até então como também consolidou a “vocação” autoral do frontman da banda, Daniel Johns, como um artista completo. Digo artista aqui da mesma forma como me referi a Brandon Boyd (do Incubus) em resenha anterior, como um alguém que realmente se expressa através da arte e leva esta expressão às últimas consequências e a despeito de interesses meramente comerciais. As letras do Silverchair refletem não apenas música, mas a própria alma de Daniel Johns em toda a sua intensidade, complexidade, suavidade, força e contradições.

Ao formar, juntamente com o DJ Paul Mac, o projeto paralelo The Dissociatives, Johns deu asas às inúmeras possibilidades oníricas que os componentes eletrônicos podem aliar à boa música. Mas, ao tentar incorporar este universo ao Silverchair no último álbum de estúdio, apesar de Young Modern ser excelente trabalho, a banda foi excluída do mainstream. Fazendo uma analogia, parece-me que o Silverchair tem diante de si um desafio que muitos de nós temos em nossas vidas cotidianamente: ou nos mantemos independentes e fiéis aos desejos e expressões da nossa alma (e com isto corremos o risco de sermos tachados de excêntricos e não nos “enquadrarmos” nas expectativas alheias ou trilhamos o caminho que outros trilharam, seguindo um rumo conhecido, de fácil empatia, mas solapando a sinceridade e, com o tempo, em consequência, a criatividade que nos dá entusiasmo, vida. Enfim... talvez descobrir o caminho do meio seja a saída e, para isto, nada melhor de um período de interiorização, de reflexão. Talvez seja isto que a banda esteja procurando na busca por si mesma e tomara que se reencontre logo, afinal, sentiremos saudades! Não apenas nós, fãs incondicionais, mas também quem já não aguenta mais escutar mais do mesmo...

Abaixo, para matar as saudades precoces, o video de Tuna in The Brine, a linda canção ao qual faço menção no início deste texto:








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